sexta-feira, 19 de novembro de 2021

BALEIAS - O que aconteceu com a orca do Playcenter?

O Playcenter foi um parque de diversão localizado na cidade de São Paulo, muito conhecido, aberto em 1973 e encerrou suas atividades em 2012.


Fui em busca de informações sobre o destino das orcas do Playcenter (Aquarama).

Localizei um Blog escrito em inglês que fala do destino de Samoa, uma das orcas que viveu no Playcenter.

O artigo foi escrito originalmente em inglês pelo autor do blog Without You There Is No Me, que gentilmente que concedeu autorização expressa para tradução.

Adiantando, Samoa morreu no SeaWorld de San Antonio e o artigo fala principalmente das causas de sua morte segundo o laudo necroscópico.

O relato traz muitas questões sociais envolvidas.

A autoria do artigo é do blog http://withoutmethereisnou.wordpress.com/

Assim, este blog não se responsabiliza pelo seu teor, apenas cuidou de traduzir. Alguns termos foram mantidos (técnicos, por exemplo), para evitar imprecisões de tradução.

Eis a versão traduzida para o português:


“A verdade por trás da morte de Samoa – doença de cativeiro não encontrada em orcas selvagens.

A verdade por trás da morte de Samoa:

Samoa, uma orca fêmea de 14 anos, comprada pela SeaWorld Inc. morreu em decorrência de um FUNGO, e não de complicações do parto. Novos detalhes chocantes revelados publicamente sobre ela e seu filhote.

Em 1989, a SeaWorld Inc. adquiriu Samoa, uma orca de aproximadamente 12 anos de idade da Aquarama, São Paulo, Brasil. Samoa foi enviada ao SeaWorld Aurora em maio de 1989 e, em 14 de maio de 1992, Samoa morreu no SeaWorld de San Antonio.

Samoa ficou prenhe do macho Kotar durante o período em que esteve no SeaWorld de San Antonio, de um feto do sexo feminino. Ao 13º mês de gestação, Samoa ficou tão doente, o que levou a sua morte e de seu feto.

De acordo com o Relatório do Inventário de Mamíferos Marinhos (Marine Mammal Inventory Report), a baleia fêmea de 14 anos chamada Samoa teve como causa da morte Meningoencefalite micótica (MYCOTIC MENINGOENCEPHALITIS).

O relatório do laudo da necropsia afirma que Samoa morreu de Zycomicose sistemática (SYSTEMATIC ZYGOMYCOSIS), o que raramente causa doença em pessoas ou animais. Esta conclusão foi extraída de um estudo cientifico da revista Zoo and Wildlife Medicine 2002 - American Association of Zoo Veterinarians.

Durante um período de 10 anos, uma baleia assassina (Orcinus orca), dois golfinho-de-laterais-brancas-do-pacífico (Lagenorhynchus obliquidens), e dois golfinhos-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus), todos abrigados no SeaWorld do Texas de 1991 a 2001, foram infectados por fungos da classe dos Zygomycetes de classe. Em quatro dos cinco casos, os fungos foram identificados como Saksenaea vasiformis ou Apophysomyces elegans. A morte ocorreu aos 23 dias após os primeiros sinais clínicos’.

uma baleia assassina estava infectada pelos zygomycetes, Em um os casos, infecção originada na placenta e no útero de um animal periparturiente’

Também na busca de informações sobre Samoa, deparamo-nos com informações afirmando que Samoa morreu de complicações do parto.

Baleia assassina morre durante o parto – filhote também morre.

 

 

 

 

No entanto, após exame do relatório do laudo da necropsia Samoa há indícios de que ela tinha "uma severa infecção causada pelo fungo" e "o grau de autólise (autodigestão refere-se à destruição da célula por meio da ação de suas próprias enzimas) do tecido fetal é compatível com a morte intrauterina (dentro do útero) muitos dias antes da morte da mãe’. Em 14 de março de 1992, Samoa começou naturalmente a abortar espontaneamente o feto morto.

vermes fetais foram observados saindo da fenda genital’.

O corpo de Samoa estava tentando abortar o feto morto!

O período de gestação médio de uma orca é de 15 a 18 meses. Samoa, em apenas 13 meses, foi compelida a parir. Logicamente, isso significaria que ela estava tendo um parto prematuro.

O relatório da necropsia de Samoa afirma:

Saksenaea Vasiformis foi isolado a partir do útero. Hifas (fungos) observados microscopicamente no útero e do tecido do cérebro eram idênticos. Samoa apresentou espaço  cavitacional e oco de 3,5 a 4 polegadas no hemisfério direito de seu cérebro’. (Saksenaea zygomycetes também agressivamente invadiu o sistema vascular).

Samoa teve uma enorme área no cérebro que havia sido seriamente danificada pela disseminação do fungo que se originou em seu útero. Ela literalmente teve danos cerebrais uma vez que seu cérebro estava sendo devorado por um fungo comum encontrado no solo. 

‘O que foi divulgado

Sea World - San Antonio (1992): Meses antes de sua morte em 1992, espectadores horrorizados tinham assistido Samoa orca executar performances ‘bizarras, movimentos repetitivos, arremessando seu corpo no ar e caindo novamente e novamente sobre a superfície dura da uma plataforma larga ah margem de sua piscina’. Em uma nota trágica, Samoa estava grávida, e seu feto já formado completamente morreu com ela devido a complicações no parto (WDCS relatório Orcas: Dying to Entertain You, pg 45.).  (WDCS report Orcas: Dying to Entertain You, pg. 45).”

 

Saksenaea Vasiformis é um fungo infeccioso encontrado em todo o mundo em associação com o solo. É mais frequentemente associado com lesões cutâneas (relacionadas com ou existindo sobre ou afetando a pele) ou lesões subcutâneas (localizadas logo abaixo da pele) após trauma. É muito incomum que indivíduos contraiam Saksenaea Vasiformis, a menos que o sistema imunológico esteja comprometido ou enfraquecido. A chance de cura do indivíduo depende muito da detecção precoce e tratamento. Se não tratada, a morte é inevitável, como no caso de Samoa.  

 

Ao entrar em contato com o Saksenaea Vasiformis com uma ferida aberta, com sistema imune comprometido e é infectado por ele. Há geralmente duas fases de sintomas apresentados. Se tratado imediatamente com medicamento para o combate ao fungo, os resultados geralmente não são fatais. Se há um tratamento inadequado ou nenhum tratamento durante a primeira fase dos sintomas, os resultados podem e geralmente levam a morbidade ou mortalidade.

 

Para este tipo de fungo estar presente no útero de Samoa indica a ocorrência necessária das situações diferentes:

- Samoa teve uma lesão ou o corte de seu útero

- Enquanto apresentava a lesão aberta, Samoa teve “algo” inserido no útero que levou o fungo até o local

- Samoa estava com o sistema imunológico comprometido

- Samoa permaneceu sem tratamento para esse tipo específico de fungo por tanto tempo que levou à sua morte e do filhote.

 
[foto no original]

Como podemos ver aqui, treinadores não usando luvas médicas durante a sessão de inseminação artificial.

 

Esse fungo poderia ter sido facilmente transmitido por intermédio de um instrumento médico infectado ou até mesmo pelas próprias mãos um treinador. A transmissão do fungo também pode vir a partir da água da piscina quando procedimentos zootécnicos estavam sendo realizados.  As orcas não são conduzidas à água limpa durante realização de procedimentos zootécnicos. Essas sessões ocorrem nas mesmas piscinas onde as orcas nadam, urinam, defecam e treinadores nadam e andam dentro. 



Outra opção seria a de que durante as sessões de acasalamento com Kotar, e macho tenha rasgado o útero de Samoa ele mesmo infectado Samoa com o fungo, seja através da transmissão de água da piscina ou de si mesmo diretamente. O risco de Zicomicose é especialmente elevado quando as membranas ou muco da pele foram feridos. O cuidado da ferida é essencial na prevenção de Zycomicose. A ferida deve ser cuidadosamente limpa e tratada em caso de sinais de infecção, o que obviamente não ocorreu.

 

A porta de entrada da contaminação nunca será conhecida. Não há evidência de o SeaWorld ter buscado os porquês e como com os porquês e como Samoa efetivamente adquiriu o fungo.

 

Samoa tem um relatório do laudo de necropsia bastante grande. Em parte, isso se deve a todos os danos que ela sofreu enquanto esteve no cativeiro. Essa não é uma doença típica de orcas selvagens.

- Fissuras superficiais foram irradiando de seu orifício respiratório, sem evidência de trauma externo. Muito provavelmente causada por queimadura solar de longo prazo ou ressecamento da pele circundante do orifício respiratório.

- Parasitas múltiplos como vermes foram observados incorporados no tecido de granulação (tecido conjuntivo novo e pequenos vasos sanguíneos que formam nas superfícies de uma ferida durante o processo de cicatrização) nas suas cavidades nasais sinusais. Sua trompa de eustaquio esquerda  (passagem que equilibra a pressão do ar no ouvido) foi completamente destruída por tecido de granulação (tecido conjuntivo novo e pequenos vasos sanguíneos que formam nas superfícies de uma ferida durante o processo de cicatrização) e osteófitos (osso esporas) resultante da presença de parasitas.

- Coágulos de sangue e pontos ocos em seu cérebro

- Principais brônquios cheios de uma espuma branca

- Ambos os pulmões estavam cheios de fluídos: uniformemente de cor vermelha escura, espuma branca vermelha escorreu para fora em corte seccional

- Parecia haver uma quantidade excessiva de fluido, de cor amarela clara na sua cavidade abdominal. Petéquias (manchas planas de forma arredondada sob a pele causada por hemorragia) foram observadas na parede peritoneal adjacente ao útero

- Várias pequenas pedras nos terceiro ou quarto compartimento do estômago



Sistema Reprodutor:

 

A trompa de falópio esquerda continha um feto do sexo feminino ao final do período gestacional que pesava 104,5 kg. O tecido fetal apresentava autólise avançada (autodigestão)’.

 

A trompa de falópio estava distendida com o feto.  Superfície uterina difusamente vermelho escuro, placenta uniformemente vermelho escuro e múltiplas petéquias (pequenos (1-2mm) vermelhas ou manchas roxas) e hemorragias difusa na camada serosa do útero.

 

Resumo total:

1. Malacia (estado de amaciamento de tecido anormal) e cavitação do centro lateral do hemisfério cerebral direito (no cérebro).

2. Múltiplas Hemorragias uterinas.

3. Sinusite pterigoidea verminotica (verme comum do Atlântico Norte)

4. Filhote fêmea autolitico (autodestruição celular) na trompa de falópio esquerda.

 

Resumo microbiológico: Saksenaea Vasiformis foi isolado a partir do útero. Hifas (fungos) observadas microscopicamente no útero e tecido cerebral eram idênticas.

 

Assinado por:

Leslie M. Dalton aos 23 de abril de 1992.

 

Ronald R. Crawley, DVM, PhD da University of Texas Health Science Center de San Antonio também fez comentários sobre os achados de necropsia.

 

 "O organismo micótico só foi encontrado no útero e cérebro. Minha impressão é que houve uma endometrite micótica primária desenvolvida que se espalhou para o cérebro desenvolvendo uma encefalite fulminante. O grau de autólise do tecido fetal é compatível com vários dias morte intrauterina antes da morte da matriz”.

 

Clifford J. Hixson VMD, Diplomata, do American College of Veterinary Pathologists enviou diretamente este comentário ao SeaWorld do Texas em relação à Samoa e seu filhote.

 

 

 

Zicomicose sistemica é o mais provavelmente responsável pela morte da baleia assassina mãe e seu filhote. Dano tecidual grave associado com o crescimento luxuriante de organismos fúngicos está presente em ambos o cérebro e do útero da mãe. Embora hifas de fungos sejam evidentes em várias áreas da placenta, não há nenhuma evidência microscópica de invasão sistêmica de organismos fúngicos no filhote”.

Ainda que o relatório da necropsia, juntamente com as outras letras mencione que o feto morreu dentro do útero antes da morte de Samoa, não há menção alguma do que realmente causou a morte do filhote. Acho que isso é outro assunto que o SeaWorld não se importava de saber sobre os porquês ou como. 

Isso levanta novamente a questão sobre os procedimentos médicos serem realizados em ambientes não estéreis com manipuladores que não usam luvas ou equipamento estéreis. Pode o SeaWorld realmente atender às necessidades médicas de orcas em cativeiro? Isso novamente, como com Kanduke, pode ser outro lembrete de uma doença que parece ser estar isolada no cativeiro.”

 


 




Nenhum comentário:

Postar um comentário